sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Bom, esse texto eu separei para postar hoje independente do resultado do vestibular. Faz parte de um momento difícil, mas consegue ser humorado.Fala sobre adaptação, temor e utopias. Se não voltasse para o Darwin, sentiria saudades eternas, como se faltasse algo.Mas não, voltarei com a cabeça erguida, pronta para aquela bela 'não-vida'.Hoje percebi que amo tudo aquilo, que o valor é maior que posso expressar, ao menos, agora.


Sinusite em guerra

É um dilema. Todas as matérias às quais você odeia e sempre odiou e odiará (depois que tudo passar) resolvem voltar-se contra você. Ainda mais, porque temos um individuo para dissecar cada porção maldita; é como se além de obrigada a tomar vitamina de abacate, tivesse que sorver em pequenos e minuciosos goles. Flashes daquela infância me atacam, mas, dessa vez, mesmo que não seja voluntário, “não, você não pode vomitar”. De volta à aula.

Merda. Uma música, aliás, uma passagem pseudo-lírica do After Forever não pára de soar em minha mente – uma sala vazia e refrigerada.

Cuidado para não se dispersar; a garganta dolorida me puxa. A fome dança ao meu redor em meio à sonoridade grave, vibrante e latente gerada no interior do meu abdome.

Pode parecer retrógrado, mas, “tipos” me fascinam. Arquétipos de toda a sorte. Eu sempre caio nesse abismo abissal, e é isso que observo agora.

Meninas, aprendizes de socialites, com suas estratosféricas argolas penduradas nas orelhas; elas não mais sorriem como antes, parecem ter descoberto um mundo habitado apenas por seu material colorido e ‘feminino’. Dentre elas, muitas de saias representando um cristo. Uma conhecida desconhecida e uma que remete a uma figura “forrozística”, a dançarina que canta importada diretamente do Pará... mas se trata de um cover.

Ora, ora, ao menos o inferno deixou de ser o banheiro azul, para se abrir um mundo novo.

Vem então aquele devaneio... a mesma sensação que se tem ao final de um século: a de que o mundo vai acabar. E vai mesmo, se Deus quiser! Passar no vestibular é dissolver esse triênio, unanimemente infernal. Mas é um dilema... uma antítese com sabor de morango, sabor de “velhos” tempos... um querer e não querer...mas eu quero muito, tanto como todos, aqui, aliás. Como uma criança de olhos grandes, almejando o novo mundo, seja qual e onde for... Até descobrir que o Caos é natural, que lugares novos não passam de novos cenários do mesmo ato; o inferno em terra, quero dizer. Loucura. Olho para o lado.

Todos mantêm os olhos fixos para alguém que discursa. Eu deveria imitá-los. Estou atada a esse assento, ora, ora. E fervo. Tenho febre.

Os meninos são seres largados, nerds de óculos ou vagabundos. Eles se diferem pelo cabelo, que, fazem questão, afirmar. Cabeludo. Moicano. Vaca lambida. Barbas ralas, crianças imberbes e troncudas. Nenhum Adônis ou Nosferatu. Tudo é palatavelmente mediano.

É estranho estar anonimamente em traje azul simbólico, em um “R” ou “L” qualquer, como qualquer um do exército que me cerca. A guerra está longe como estou agora do sol. Agora não é isso que me preocupa, aliás, nada realmente me preocupa senão a trivialidade do percurso do ponteiro menor. O silêncio ensurdece um dos meus ouvidos, ou, talvez sejam as risadas que ecoam e não compartilho, e a garganta se torna, cada vez mais, um vulcão em erupção intensa.

A máquina urrou – eu conto os passos para o fim próximo – e ele vem escaldante e violento, como o vulcão em meu interior. E eu vou.

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Originalmente escrito no colégio, 3°ano vespertino em 12/03/2007, pouco antes do ‘recreio’ (intervalo ¬¬) às 16h00min.

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