quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

O CAVALEIRO E A SONHADORA

Por Anne Caroline Quiangala


O pesadelo era como um salto

Através da busca desconexa por si mesma

Ela mergulhou no abismo obscuro...

Corpo violáceo de encontro ao oceano brumoso,

No patamar mais profundo e desconhecido...

***

Despertou do súbito desmaio pulsante

Em território jamais visto,

Oceano era borrão irreal, percebeu que era

Pincelado com violência inaudível...

Inundando todo o porão interminável...

***

Trilhou todo o caminho do deserto glacial

Rumo à porta, que estava trancada...

Até que veio o mal, alto, forte, oculto

Carregando-a rumo às sombras

Pelas masmorras úmidas e ruínas esquecidas...

***

- É ela quem troca um prazer momentâneo

Instante;

Pela eternidade a abraçá-la,

Simplesmente não consegue ir-se –

***

Esqueceu que era portadora da CHAVE

Mais tarde cairia em prantos pelo erro.

Nada podia ser pior...

No calabouço havia sepulturas...

Enquanto divagava foi tocada por um algo frio...

***

Um guerreiro ferido na ETERNIDADE

Frio, cruento, face marcada:

“Vim buscá-la, noiva minha”.

Com estaca em punho e,

Dominada por um amor inexorável...

***

Perfurou o peito duas vezes morto,

Liberando o demônio malévolo,

Urro de morte, letal...

Dia e noite...

Memórias impossíveis de abstrair...

***

Inferno astral, soturno, sombrio...

Foi-se o homem mau

Abrupto como o início...

Sumiu o noivo; então chorou ela:

I-ELEGIA

“Era ele que enxergava com teus olhos

E com a tua boca alimentava-se,

Mas o fruto era podre, proibido:

To will - To die

Decidido a ir de encontro ao palácio

Na morte, o mármore da cor dos olhos

Castigo nas mãos de Hades

To wish – A death

O fim de tudo é recomeço:

Desejo... Reencontro... Morte”.

II-PSEUDO ÈPICA

...E ele percorria os campos

Cavalgando alucinado

Líder, à frente, de negro

À frente, ao centro de dois outros...

O estandarte negro de dragão

Foi cravado na mãe TERRA

Sorriso malévolo nos lábios...

Desembainhado metal faminto...

“Que viessem”, e vieram

Montando cavalos alados vieram

Homens que não eram homens...

Iniciou-se a batalha...

E o guerreiro trespassou a espada através dos peitos macilentos

Liberando um a um (terríveis agouros)...

Ouviam-se grunhidos de alívio...

O MONSTRO líder retalhou

Golpeando com suas lanças primitivas...

Cercaram um cavaleiro, ao sinal, atacaram-no.

Ele gemeu e caiu, estatelado...

***

As bestas ruíram como hienas famintas

Avançaram em busca de mais,

Os guerreiros permaneceram amenos

Alimentando o aço e a TERRA com o que lhes basta...

***

A medida que degolavam, os falsos homens caiam , seus cavalos fugiam

Galopando pelo céu escuro

Na noite que se estendia...

***

As criaturas bestiais, olhos em forma de fenda, apertados o apuro auricular permitindo ouvir os sons da floresta cessarem...

Cortou o ar e achou as víceras do guerreiro...

***

Ele caiu e o cavalo correu pela eternidade

O chão áspero lambendo as feridas

Recém traçadas na pele...

Fomenta ódio crescente...

***

O último deles pereceu

Ainda resistindo bravamente

Diversas lanças salpicadas pelo corpo

Cabeça perfurada, jorrando...

***

Os monstros urraram no breu

O fechar das pálpebras foi um consentimento à escuridão...

A CHAMA reacenderia...

***

No guerreiro a pele ressurgia

Construindo-se no sobrenatural...

E ele se levantou...

E foi o fim de tudo...

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