quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

FESTA

Por Anne Caroline de Souza Quiangala João

“Tudo que pode dar errado dará errado”.

(Lei de Murphy)

Na verdade, foi tudo muito confuso. Eu ainda estou um pouco tonto, mas tentarei relatar o que aconteceu ontem...

Acompanhado da galera de sempre fui ver o show de Metal Melódico em que um grande amigo meu, Brutus, tocaria batera.

Na porta havia muita gente bêbada, trajada de negro empunhando garrafões de vinho barato, mendigando entrada em estado deplorável, feito animais nojentos.

Entramos em meio àquela desordem dantesca, através de um fluxo intenso de pessoas sendo carimbadas, pagando, recebendo troco, subindo, descendo e carregando instrumentos.

Durante a subida, ouvimos o som sintético e caótico no New Metal. Na rampa de acesso ao prédio decadente fomos nos aproximando do som, até chegarmos a um salão amplo, tragado por uma penumbra absoluta. À direita, um bar precário comercializava bebida alcoólica aos jovens e fornecia improvisadamente, água duvidosa. Ao centro, havia um grupo de indivíduos de fronte ao palco “dançando”. Eles jogavam a cabeça para frente ao passo que o restante do corpo mexia-se como que ciscando. Ao lado, estava o palco iluminado por uma lamparina débil e cujo teto esfarelava-se talvez por conta de infiltrações. A parte posterior do tablado era um cenário decadente, cravado de imagens abstratas, frases e palavras. O canto escuro cheirava a drogas e perversão. Aproximando-nos da arena onde as “galinhas” se degladiavam observei algo flamejante sendo jogado do palco; logo formaram circundaram aquilo que parecia ser um fetiche. Aproximei-me mais e vi que se tratava de uma guitarra em chamas, e que era adorada diabolicamente, de fato.

A partir de então fui sendo empurrado em todas as direções; nesse ínterim me vi sendo embebido por um líquido vermelho de aroma férrico... “Sangue?”, pensei aturdido, então teve inicio a missa negra.

Tudo foi transcorrendo morbidamente, até que fui arremessado ao chão e o mundo se apagou. Acordei hoje de manhã, em casa. E isso é tudo. Acredita agora Júlia?

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