domingo, 31 de agosto de 2008

Fugir ou Lutar (parte II)

Ela sentia profunda dor e dormência, parecia que, dos males, os braços dele eram o que amenizaria. Não esperava nada dele a não ser o seu silêncio consentido (graças a deus!), seu peito jovial para repousar, uma proteção, uma bonança imparcial. Sim, ela estava na fossa e só pensava no quanto tudo era uma grande merda. Bosta!Basta! Talvez o sexo resolva, mesmo que haja quem deseja espatifar o prazer. Quiçá alguém que, por puro sadismo, tenta apunhalá-la nas setenta e duas horas que são somente e apenas suas. Que talvez ela divida com ele, talvez não. É fato, ela queimou a corrida e terá que regressar ao inicio. De novo. Não mais. Alguns metros, agora sem barreiras. Ela está deitada no peito dele. Ela que é o seu avesso, de diferente compasso, complexo e apresso. É absurda e engraçada a diferença entre eles. E ao mesmo tempo a cumplicidade completa, complexa e cordial como tudo que e atribuído a eles que se amam mortalmente apesar de não serem apaixonados, no seu silêncio obstinado. Basta serem amantes. Basta a paixão silenciosa. Basta o amor de corpos, o cruzamento momentâneo de almas. Cada um em sua própria Etirge particular. Cada um sentenciado por seu próprio Hades. Conseqüência? Nenhuma. Pecado? Não que ela perceba e aceite dessa forma. Não mais detalhes, não mais idéias.Encerro aqui as explicações.



Para a Clá ;)

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Dádivas on R.E.M

São sonhos límpidos...que esfacelam-se em dureza brutal
O renome desconhecido, aquele homem-monstro, tão mau
E dúvidas impróprias, caminhar sombrio, celeiro de porcos
Mas será que, no fim, não estamos todos mortos?

In Memoriam dos tristes sonhos, tristes dias, tristes hábitos
In Memoriam dos meus dias, minha dor e meus próprios atos
Constante afirmação do gênero decadente:
Assinar com sangue o livro dos dias e expansão da mente

Pouco a pouco os elementos queimam
O que restam são cinzas de lástimas sangrentas
O que quer que seja, o que quer que queiram
Não destruam com vis agruras lamurientas

Aos braços de quem me lanço - Adeus!
Aquele o qual me entrego - Morpheus!
Aos poucos dilatantes caem - Meu deus!

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Prazer

Foto: Resident Evil

Capaz de sorrir visualizando atitudes vis... como queria ter vivido naquela abundante época das torturas. E desejava isso em sua essência: dor e morte, em suas mãos, alimentando seus olhos, saciando seu corpo, liberando toda aquela libido reprimida; tudo de uma só vez e bem rápido.

Sussurros vindos do porão. Interrompeu-se e foi até lá. Deteve-se por alguns segundos tocando a fechadura. Entrou e logo foi surpreendido por uma vala recém aberta, vazia. Logo aquela que –tinha certeza- havia tapado. Pois bem, o que quer que seja não hesitou em crava-lhe a pá nas costas e jogá-lo pesadamente na vala cavada para abrigar outrem.





quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Anonimato

O inatingível é.
Consciência ou falta.
Valor. Querer. Questões.

Não importa, é impressionante.
De novo e de novo...

Você está aqui?
Pra dizer coisas.
Estilo é uno continnum
Pedra.
Ser pedra.
Mas convencer-se é demais.
Que houve?
intriga, trama e contra ataque.

Como ver o que já vira antes
como ver o espelho.
Só não existe ser quem não é.
Você é?

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Desapegos

-Vontade de dizer, apenas isso.
-Humm.
-Saudade de poucos.
-De verdade?
-Não, a víbora me persegue.
-Obsessivo, me parece.
-Mas é... talvez seja.
-E o caminho, encontrou?
-Não... nem procurei.
-Mesmo?Achei que...
-Sim, também achei isso, mas é onde mora o equívoco, entende?
-...mas não compreendo. Você mudou, está diferente, e consigo enxergar traços do que você mais abomina, facilmente em cada trejeito seu.
-Sim, eu também.
-Curioso. O que me diz?
-De verdade? ... Nada. Não mesmo.
-Só testando a individualidade.
-Individualidade. É fragilidade, talvez?
-Não tamanha tolice, por favor.
-Tolice?Transbordo tolice...?
-...não tanto drama, por favor.Obsessão também, se é que deseja saber.
- Hummm...jura?
-Claro, amor.
-E sem tamanho exagero não poderia ser você.
-Posso parecer precipitada, engraçada, inútil ou simplória. Não me importa, de verdade. Existe bem, mal...existe razão?
-hummm.
-Temos o que desejamos ou temos o que merecemos ou nos esforçamos? Não sei. O mundo é quente e frio e inacessível. Sinto vontade de brindar a isso. A todo o sarcasmo implícito.
-Você quer chorar.
-Mesmo sem risos histéricos?
-Mas tem a fala histérica.
-O fogo queimando.Pois nada ficará assim.
-Sem caminhos, por acaso?
-Sob tutela da consciência, serve?
-Não entende?
-Não...acho que não. Bons caminhos levem. Sem leme ou motor. Seguindo o ritmo...
-QUÊ?Você dizendo isso? Simploriedade?Correnteza?Inércia?
-Não, sinto muito, não é você;Vou-me embora.
-Você entende, mas não compreende. Não disse?

sábado, 2 de agosto de 2008

Era uma vez o mundo...

Ontem assisti a um filme chamado "Era uma vez..." e fui sem pretensão nenhuma, aliás, sem mesmo ler a sinopse. Só tenho a dizer que é um filme visceral, e que desperta uma sensibilidade extrema, porque é o nosso mundo concreto, a verosimilhança é total, porém, não é a nossa realidade.Realidade.O que é realidade?

Não tenho uma resposta pronta para a questão. Fato.Mas é doloroso esse esquema de vida a que nos submetemos.O reconfortante a nós e o que resta aos outros; A lei do mais forte, o contrato social. A existência de um abismo econômico parece uma ironia para quem não está inserido nos pólos. A violência nua e crua, não é a nossa realidade, certo, mas ainda assim, pedintes e tudo aquilo que tentamos ignorar, coexistem, por mais que tentemos desviar os olhos. Eles estão ali, e sempre estarão enquanto o mundo for desse jeito.O nosso olhar projeta-os como uma vida paralela além do nosso mundo,e o filme desnuda o nosso 'preconceito' sem agredir, mas instigando reflexões. Segregação, oportunidades (ou falta delas) e o tal determinismo e a constante que ronda diversas consciências 'o homem é fruto do tempo e espaço em que vive'.Pois acho que nem tudo caiu por terra ainda.Não é minha visão particular, mas a generalização do que ouvi ainda na sala de cinema antes de sair.

Além disso, refleti sobre o signicado do ser humano, de cada algarismo presente no censo do IBGE. Nosso mundo são as pessoas que importam, que fazem sentido em nosso contexto. Um 'parabéns pra você' em um bar, só tem significado quando a pessoa têm significado. Caso contrário, torna-se um Haikai perdido na imensidão de símbolos, gestos, comida e bebida.

Isso tudo para expressar, através do TODO PELA PARTE OU PARTE PELO TODO,o que ouvi dizer, certa vez: " a vida não vale nada". A princípio, não levei em conta, mas creio, no final das contas, não ter entendido no momento. É fato, a gente acaba e o mundo continua aí, intocado, indiferente porque você (e muitos outros) não mais o pertence. Indiferente. Assim, simples feito um estalo. Sem despedidas, sem sentimentalismo qualquer. Todos são indigentes, no final das contas. Pertencendo ou não a um contexto. Matéria morta é matéria morta.