quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Elegia ao colecionador

Pra você, algo que tenha significado,
Algo além da minha falta de sentimentos distintos
Algo além que minha má impressão.
Direto do meu coração agro, de sonhos famintos...

Pra você esse ataúde, tal como sangue meu, sacrificado
Aprendo a lidar com o que tenho, sigo meus instintos
Aprendo a lidar com o amor por você, com a missão e a depressão.

Espero que saiba, meu caro
Que sinta, o que não é palpável, mas entre nós transita

Good bye mi amore,
Que seja tenro sempre e doce, mesmo na morte
E que, aliás, não morra porque me fui, seja feliz à sua sorte
Tudo - mas tudo mesmo - de bom pra usted grand’ amore

Que não esqueça minha tepidez
Pois não esquecerei sua morna incensatez
Contida, plástica demais, para nós dois
Alta madrugada, nem corpo, nem su’ alma quero agora (talvez depois)

Procuro desprender-me, aos poucos, sem dor
Convulsões subliminares de afeto e límpido amor
É claro, ininteligíveis...
O dia começa cedo amanhã e, mais uma vez, perambulo as órbitas
[inatingíveis.
Adeus grand’ amore,
Posso?







Para o mais novo Grand’ Amore

|||||Madrigal Secreto*|||||

Desejo-te, e apenas isso, quero que saiba
E contigo sonho todas as noites:
O possível toque de seus dedos
Possíveis frases proferidas por seus lábios
Em meio sorriso...
Magia clara e bruta da sua existência
Não sabe o quanto anseio por seus braços
Mais uma vez prevalece o erro
Prevalecerá?
Mas tudo são escolhas
Seja comer sangue,
Seja entregar-se ao desatino.

Meu amor, minha escolha, minha falta
E a glória da derrota prevalece,
Em seu amargor desesperado, refulgente, aquela ânsia irrefutável
Prevalecerá?
O erro parece-me o mesmo, prevalecerá, meu amor?

Eu que não amo ninguém te desejo
Eu cujas feridas cicatrizadas formam grossas camadas
Sonho contigo todas as noites
Em que devoro todos os amanhãs possíveis, negros, nada cromados.
Amanhãs que não são meus
Amanhãs que, sem ti, não passam de amanhãs...









*Para o meu ‘Amanhã tenebroso’

sábado, 13 de setembro de 2008

Adeus Brasilia (Parte 1)

"Eu admiro quem não presta e extravio quem não gosto"
(Marisa Monte – Tudo pela metade)

"Tristeza não tem fim, felicidade sim."
(Marisa Monte – Ensaboa)

Adeus Brasília (Por enquanto!).
Até muito breve meus queridos.

O que me trouxe a Brasília não foi exatamente o que tinha ou poderia ter, mas o que NÃO teria. E o que aconteceu? Apaixonei-me por esse centro com gosto de interior. Com todo o seu caldeirão mágico, fantástico até. Dos bons momentos e pessoas excelentes...
Ao que me parece, entrei em um avião em busca de novos ares, de uma benéfica eutanásia, de modo que nem mesmo eu sou capaz de entender... só sei que estava irrespirável.
Em primeiro lugar, propunha-me seriamente uma mudança profunda, por dentro e por fora. Esse primeiro passo se concretizou antes de adentrar aquele “trambolho voador”.
A pretensão para com as pessoas beirava o zero, quando cheguei. “Pessoas continuam sendo pessoas em todos os lugares”, disseram. Non creo, porque afirmar isso seria confirmar a existência de uma dose concentrada de sorte azul, fina, suave e doce.
Quanto às pessoas, esperava aquele comportamento contido de educação extremada e politicamente correta – quase nunca profunda – gentileza convencional, líquida e transparente com gás.
No entanto vejo, no final das contas, que aconteceu o contrário; meu mutismo, quietude e introspecção, a idéia de uma passagem anônima ser absorvida por uma sucessão de fatos incrivelmente simples e adoráveis. Café que não vende CAFÉ, vãs filosofias, caminhadas, bizarrices, quilos a mais, uma cachorra Pedra chamada Fedra (?!), pessoas que arrancam pescoços, caras e bocas, gestos, ‘pálas’ e pensamentos ‘obscenos’. Na verdade muito, mas muito mais que isso tudo!
Bem, senti-me à vontade o bastante de modo que posso dizer que conheceram parte da Anne Caroline que muitos em uma vida não perceberam estar ali todo o tempo. Vocês cativaram a mim de modo a permitirem expressar meu ‘habitual’ jeito espontâneo que se esfacelava lentamente como que formando pilhas de queijo ralado. Entendeu?

Portanto,

Não esqueçam de mim, porque jamais esquecerei vocês. Até a volta queridos chicos. Até a volta xuxus.