terça-feira, 19 de maio de 2009

Glamour [*]

Se me sinto só
Se a agonia é tanta
Se ao menos o xadrez consola
Pés no alto, pernas cruzadas, sensação sonora:

Queria um cheiro amarelo, mas ele me escapa
ele foge, ele foge, não quer ficar aqui.
Mas eu odeio amarelo!
Odeio tanto que preciso...

Odeio muito, o necessário
E o trivial, que se torna cerne,
é a água que me faz mal
É o dia que acaba mal.
É a dor do vazio que me faz mal.

Todos indo através da porta aberta
Todos indo para serem queimados
É absurdo, diante de tanta merda
aceitarem serem, dessa forna submetidos

Minhas respostas condensadas
se resumem ao silêncio
As faltas, as falas e as falsas mentiras
todas tal qual verme impregnadas

Céus, como livrar-me de tamanha melancolia?
A angústia ainda me mata, a cada dia
dilacerando, arrancando os pedaços
E você, ser invisivel, o que fazes?

Grita?
Chora?
Condena?

Não, você é um ser invisível, não é mesmo?
Então você se camufla.
Pois então.

Camufla-se
Arruina-se
E se faça mestre.

Meu sentir sintético
Meus textos sintéticos,
Minha dor e sofrimento tão patéticos
E minha vida que não é verdade.

O tudo reflete o pouco.
O pouco reflete o nada.
E,ainda assim, sigo vivendo
sem ardor senão lascívia
derramando o sangue
deteriorando os sentimentos

A invisibilidade que tanje a dor
o morrer a cada dia
pedaço a pedaço
parte a parte
tão ultrajante...
tão revelador...


Cordas que jamais se desamarram
Por que tudo isso?
E o poder
Tão humilhante...
Tão revelador...
Pois então que acabe logo.
Que acabe todas as mágoas e dissabores.
Que, enfim, encerrem-se em si, todos os meus horrores.

[*]É o nome dado a uma magia de disfarce, para passar despercebido