quinta-feira, 19 de junho de 2008

Bons tempos: velha nostalgia

Houve o tempo em que eu e Tia Ciça fazíamos salgadinhos com recheio de azeitona e levávamos às festas. Tempo de supernintendo e de estudar, obrigatoriamente, uma hora por dia antes de brincar. Camisa do uniforme por dentro da bermuda, meias impecavelmente brancas com um fino detalhe vermelho ou azul (as cores do colégio), enfim, tempo de ser uma 'nerdzinha' que frequentava a escola pra conversar e brincar, a monitora desde a primeira série, chamada 'sabe-tudo'. Esse foi o mesmo tempo da coleção de barbies, das violentas brincadeiras de 'faz-de-conta' com os primos. A varanda verde e fresca da casa da Tati, a aversão ao banho, a solidão inexplicável, o medo inigualável e a bruta insônia inseparável.

Época feliz permeada de infelicidades (insônia e medo) - ou tormentos?! - é verdade, mas nada como fingir que está dormindo para ser levada pra cama nos braços do irmão mais velho (chamado assim mesmo, "Irmão maior"; o tempo passando devagar, o entendimento das coisas, lento, ingênuo. Um som tocando Legião Urbana sob a janela do meu quarto competindo com o toca-fitas que tocava Xuxa ou cantigas de roda. A descoberta do amor, da saudade, da real importância e total significância da amizade. A gênese das virtudes, da convicção extrema, que, no seu 'infinito particular' é boba e besta.

Convém dizer o quanto está frio (não tanto) e o quanto o meu corpo deseja permanecer inerte?Pior que lá fora o sol parece brutal...as pessoas são orgânicas? Mesmo trantando-se de imbessis que destroem, com sua lorota, meus doces devaneios dos bons tempos da tenra infância?

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